Hoje venho aqui falar-vos dum assunto, que para muitos, faz parte do passado.
Ruanda, conhecida apenas por um 10% da população mundial, onde desses 10% apenas 2% sabe mais para além do filme hollywoodiano Hotel Rwanda ( que recomendo, apesar de tudo), em 1994, foi palco do maior genocídio dos tempos modernos.
O país, como em quase todos os países africanos são povoados por tribalismos. Dois deles são os hutus e os tutsis.Tribos que eu nada diferem, a não ser a sua posição cultura/politica, mas que desde as suas origens se desdobram em conflitos.
O segundo genocidío que Ruanda conheceu, foi de facto em Abril de 1994, aquando um político é assinado durante um tratado de paz.
Os Hutus, proclamaram guerra aberta aos Tutsis, e ai começou o palco mais sangrento dos últimos tempos. Alguns enviados britânicos, através de documentos, afirmam, ainda hoje, que o genocidio foi largamente preparado, inclusive pelo governo interno.
Começou a caça aberta ao massacre, estimando-se que quase toda a população feminina foi violada, e toda a criança gerada dessa violação foi degolada ou esquartejada á nascença. Massacraram mais de 500 mil pessoas, mutilando-as e queimando-as. Mais de 5000 crianças de leite foram mortas, sem nenhum motivo (plausível e humano).
Por fim, a conta ficou em mais de 800 mil pessoas mortas.
Eu penso que a Humanidade, quando se fala em números, por muito que se choque, não se apercebe da dimensão humana que isto implica.
Estamos a falar de pessoas, como nós, com os mesmos sentimentos de amor ou ódio, de esperança ou desespero, que um dia acordaram, e viram os seus filhos a serem esquartejados a sua frente e depois brutalmente assassinados.
800 mil pessoas que imploraram pela sua vida, mas que a sua voz não foi mais forte que um concerto dos Metallica.
Há uns tempos, um furor surgiu nas redes sociais, exaltando o humano que cada egoísta (onde me incluo) tem. Kony 2012, foi um movimento, ainda que fortemente contestado, para capturar e dar um término á horrível situação que o Uganda se encontra em relação á escravidão sexual e á milicia infantil forçada.
Ai assisti a uma coisa, que nunca me tinha percebido. Metade da população mundial não se apercebe do que se passa com a outra metade. Há apenas uma ideia vaga, como uma névoa, bastante ingénua sobre os verdadeiros problemas do mundo.
Por isso, acho importante que nos unamos, cada vez mais, e lutemos por quem não tem tanta força como nós, mas também , que informemos os nossos, creio que a Humanidade está adormecida por ignorância.
Ainda hoje, arrepia-me, pensar em Ruanda, e a possibilidade de vir acontecer de novo, e o mundo desde então, não ter tomado nenhuma medida.
Esta noite, a minha alma permanece perto de quem partiu inocentemente neste genocidio.
Sugestões sobre Ruanda;
FILMES
Mesmo tendo começando este texto com um "ataque" ao filme, continuo acha-lo dum excelente nível, e era preciso mais destes filmes, e o actor, está com uma perfomance incrível.
| http://www.youtube.com/watch?v=mYwuXvA589A { trailer
LIVROS
| Uma Temporada De Facões: Relatos Do Genocídio Em Ruanda de Jean Hatzfeld
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