quinta-feira, 31 de maio de 2012

A Pobreza em Portugal

"Temos de ir à procura das pessoas, porque podem ter fome de pão ou de amizade."

Madre Teresa de Calcutá.





Eu confesso. Eu faço parte daquelas pessoas que acha que metade da pobreza em Portugal deve-se a um vírus de preguiça generalizado.
Mas na semana passada, as minhas lágrimas, obrigaram-me a calar toda a minha ignorância, bruta e atroz, como todas as ignorância que se prezem são.



Numa reportagem do canal pago, nomeadamente a SIC, eu visualizei á excelente campanha da Santa Casa da Misericórdia contra o isolamento sénior.
Vi casos que me fizeram sorrir, como o grande sorriso duma ex cantora, assim como duma senhora extremamente simpática. Mas o que me chocou viria a seguir.
Uma senhora, com uma filha, pelo que percebi incapacitada, tinha apenas um bife de Peru para as duas, durante toda a semana. Quando abriu o frigorifico estava lá o timido bife, e metade dum pacote de manteiga.
Mas se isso teve a capacidade de mexer com as minhas miscordis (tripas), o facto de a senhora encarar aquilo como uma naturalidade atroz, apertou o meu coração e de quem comigo assistia. Aliás, o sentimento que brotava dos olhos daquela senhora, tão meiga na voz,  podia traduzir-se a um "tem que ser".

O país é preguiçoso? Talvez.
Mas não sei quem é mais preguiçoso, se o país, se pessoas como eu, que continuam a tapar os olhos para uma triste realidade da nossa sociedade. Há FOME, e cada vez mais há imensa fome. E por variadas razões;

- Por desemprego que assola milhares de portugueses, onde esta taxa é estupidamente ajudada pela quantidade massiva de empresas que mobilizam a sua sede para outro país e pela quantidade de parasitas da sociedade.

- Por outro lado, esta sociedade pouco ou nada se prepara para amar verdadeiramente o seu povo. É preferível sintonizar a televisão na reportagem da selecção e ver 23 jogadores mais comitivas a gastar 33 mil euros por dia num hotel, enquanto há pessoas que nem um bife, poderão comer.
Falamos dos nossos politícos, "essa peste que assola todo o território lusitano e que nos leva á desgraça", mas a verdade é que continuamos a pagar a internet e 500 canais que nunca os vimos.
O dinheiro de facto é nosso, ganhamos, suamos, temos direito a esbanjá-lo, porra!
Mas a questão que aqui deixo é;


De quanto dinheiro vai(s) precisar para perceber, que sem os outros, não há sobrevivência possível?



- Ao mesmo tempo, esta fome deriva dum grande isolamento que certas pessoas tem, especialmente a camada sénior. Por infortunio da vida, por esquecimento, ou por extrema tristeza, estas pessoas, estão profundamente isoladas, com uma reforma por vezes de 200 euros, enquanto que o nosso estimado presidente também passa dificuldades com a sua.


Deixo um apelo aqui, a todos que leiam este texto, e deixo um apelo a mim. Vamos ser mais conscientes, e pensar duas vezes, antes de falarmos de Portugal e da sua pobreza.

E se pudermos, é fazer um esforço, para não desperdiçarmos tanto dinheiro em nós e se calhar ajudar quem realmente precisa.





Uma nota de amor e paz a todos que me leem,



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