quinta-feira, 31 de maio de 2012

Dia Mundial da Criança

O Guilherme acorda todas as manhãs ás oito horas, um pouco sonolento, mas a mãe lá o obriga a lavar os dentes e a comer o leite com cereais. Atrasa-se sempre nessas grandes tarefas!
Depois do pequeno -almoço e de vestir uma roupa cheirosa, vai para o infantário, onde aprende como desenhar e até cantar (e como canta!) e depois ao fim da tarde, regressa a casa, onde lhe espera uma refeição quente, para depois poder brincar com os pais.

É incrível como esta realidade, ainda hoje, não é igual para todas as crianças.
Neste Dia Mundial da Criança, faço particular incidência para as "crianças soldados".

Andou a circular uma grande cadeia, como já referido noutras publicações sobre um criminoso chamado Kony oriundo de Uganda. O mesmo, tem uma milícia de crianças, onde os meninos são treinados para matar e servir propósitos políticos de outrem, enquanto as meninas são mantidas como escravas sexuais nos acampamentos.
Infelizmente, o mundo conhece muitos "Konys".
Estima-se que milhões de crianças , neste preciso momento, estão envolvidas em conflitos armados directos, onde muitas vezes são obrigados a matar os seus próprios familiares e amigos.
E estamos a falar só em dados adquiridos, porque não consigo imaginar a mancha psicológica que deixa numa pessoa adulta, quanto mais numa criança que a única guerra que devia de ter era escolher entre brincar ou sonhar.
De facto, trata-se de sonhos rompidos, mais que isso, vidas completamente arruinadas, em serviço de milícias tribais, que proliferam em continente africano e asiático.


Mas nem tudo é negro!
Cada vez mais, associações criam-se e levantam a sua voz contra estes direitos tão abruptamente violados e corrompidos.
Uma delas, vem directamente da Alemanha, a associação Kindernothilfe, que, e passo a citar "tem por objetivo participar da construção de um mundo, no qual crianças e adolescentes têm a oportunidade de viver uma vida com dignidade, explorar seus potenciais e, juntos com suas famílias e comunidades, ser sujeitos da sua evolução e história."
Assim sendo é  contra a utilização de crianças em conflitos armados e, além disto, apoia projectos de assistência a ex-crianças-soldado.

Deixo-vos o link desta associação, ao mesmo tempo que desejo o melhor Dia a todos os "Guilhermes" deste mundo,ao mesmo tempo desejo esperança aquelas que não tem uma refeição quente á espera após o infantário, mas sim uma arma suja e impessoal.

http://br.kindernothilfe.org/


A Pobreza em Portugal

"Temos de ir à procura das pessoas, porque podem ter fome de pão ou de amizade."

Madre Teresa de Calcutá.





Eu confesso. Eu faço parte daquelas pessoas que acha que metade da pobreza em Portugal deve-se a um vírus de preguiça generalizado.
Mas na semana passada, as minhas lágrimas, obrigaram-me a calar toda a minha ignorância, bruta e atroz, como todas as ignorância que se prezem são.



Numa reportagem do canal pago, nomeadamente a SIC, eu visualizei á excelente campanha da Santa Casa da Misericórdia contra o isolamento sénior.
Vi casos que me fizeram sorrir, como o grande sorriso duma ex cantora, assim como duma senhora extremamente simpática. Mas o que me chocou viria a seguir.
Uma senhora, com uma filha, pelo que percebi incapacitada, tinha apenas um bife de Peru para as duas, durante toda a semana. Quando abriu o frigorifico estava lá o timido bife, e metade dum pacote de manteiga.
Mas se isso teve a capacidade de mexer com as minhas miscordis (tripas), o facto de a senhora encarar aquilo como uma naturalidade atroz, apertou o meu coração e de quem comigo assistia. Aliás, o sentimento que brotava dos olhos daquela senhora, tão meiga na voz,  podia traduzir-se a um "tem que ser".

O país é preguiçoso? Talvez.
Mas não sei quem é mais preguiçoso, se o país, se pessoas como eu, que continuam a tapar os olhos para uma triste realidade da nossa sociedade. Há FOME, e cada vez mais há imensa fome. E por variadas razões;

- Por desemprego que assola milhares de portugueses, onde esta taxa é estupidamente ajudada pela quantidade massiva de empresas que mobilizam a sua sede para outro país e pela quantidade de parasitas da sociedade.

- Por outro lado, esta sociedade pouco ou nada se prepara para amar verdadeiramente o seu povo. É preferível sintonizar a televisão na reportagem da selecção e ver 23 jogadores mais comitivas a gastar 33 mil euros por dia num hotel, enquanto há pessoas que nem um bife, poderão comer.
Falamos dos nossos politícos, "essa peste que assola todo o território lusitano e que nos leva á desgraça", mas a verdade é que continuamos a pagar a internet e 500 canais que nunca os vimos.
O dinheiro de facto é nosso, ganhamos, suamos, temos direito a esbanjá-lo, porra!
Mas a questão que aqui deixo é;


De quanto dinheiro vai(s) precisar para perceber, que sem os outros, não há sobrevivência possível?



- Ao mesmo tempo, esta fome deriva dum grande isolamento que certas pessoas tem, especialmente a camada sénior. Por infortunio da vida, por esquecimento, ou por extrema tristeza, estas pessoas, estão profundamente isoladas, com uma reforma por vezes de 200 euros, enquanto que o nosso estimado presidente também passa dificuldades com a sua.


Deixo um apelo aqui, a todos que leiam este texto, e deixo um apelo a mim. Vamos ser mais conscientes, e pensar duas vezes, antes de falarmos de Portugal e da sua pobreza.

E se pudermos, é fazer um esforço, para não desperdiçarmos tanto dinheiro em nós e se calhar ajudar quem realmente precisa.





Uma nota de amor e paz a todos que me leem,



Ruanda

Hoje venho aqui falar-vos dum assunto, que para muitos, faz parte do passado.


Ruanda, conhecida apenas por um 10% da população mundial, onde desses 10% apenas 2% sabe mais para além do filme hollywoodiano Hotel Rwanda ( que recomendo, apesar de tudo), em 1994, foi palco do maior genocídio dos tempos modernos.
O país, como em quase todos os países africanos são povoados por tribalismos. Dois deles são os hutus e os tutsis.Tribos que eu nada diferem, a não ser a sua posição cultura/politica, mas que desde as suas origens se desdobram em conflitos.
O segundo genocidío que Ruanda conheceu, foi de facto em Abril de 1994, aquando um político é assinado durante um tratado de paz.
Os Hutus, proclamaram guerra aberta aos Tutsis, e ai começou o palco mais sangrento dos últimos tempos. Alguns enviados britânicos, através de documentos, afirmam, ainda hoje, que o genocidio foi largamente preparado, inclusive pelo governo interno.

Começou a caça aberta ao massacre, estimando-se que quase toda a população feminina foi violada, e toda a criança gerada dessa violação foi degolada ou esquartejada á nascença. Massacraram mais de 500 mil pessoas, mutilando-as e queimando-as. Mais de 5000 crianças de leite foram mortas, sem nenhum motivo (plausível e humano).
Por fim, a conta ficou em mais de 800 mil pessoas mortas.
Eu penso que a Humanidade, quando se fala em números, por muito que se choque, não se apercebe da dimensão humana que isto implica.
Estamos a falar de pessoas, como nós, com os mesmos sentimentos de amor ou ódio, de esperança ou desespero, que um dia acordaram, e viram os seus filhos a serem esquartejados a sua frente e depois brutalmente assassinados.
800 mil pessoas que imploraram pela sua vida, mas que a sua voz não foi mais forte que um concerto dos Metallica.


Há uns tempos, um furor surgiu nas redes sociais, exaltando o humano que cada egoísta (onde me incluo) tem. Kony 2012, foi um movimento, ainda que fortemente contestado, para capturar e dar um término á horrível situação que o Uganda se encontra em relação á escravidão sexual e á milicia infantil forçada.
Ai assisti a uma coisa, que nunca me tinha percebido. Metade da população mundial não se apercebe do que se passa com a outra metade. Há apenas uma ideia vaga, como uma névoa, bastante ingénua sobre os verdadeiros problemas do mundo.
Por isso, acho importante que nos unamos, cada vez mais, e lutemos por quem não tem tanta força como nós, mas também , que informemos os nossos, creio que a Humanidade está adormecida por ignorância.


Ainda hoje, arrepia-me, pensar em Ruanda, e a possibilidade de vir acontecer de novo, e o mundo desde então, não ter tomado nenhuma medida.
Esta noite, a minha alma permanece perto de quem partiu inocentemente neste genocidio.


Sugestões sobre Ruanda;



FILMES
Mesmo tendo começando este texto com um "ataque" ao filme, continuo acha-lo dum excelente nível, e era preciso mais destes filmes, e o actor, está com uma perfomance incrível.


| http://www.youtube.com/watch?v=mYwuXvA589A { trailer


LIVROS
| Uma Temporada De Facões: Relatos Do Genocídio Em Ruanda de Jean Hatzfeld